Wednesday, February 01, 2006


MUNIQUE
Quando se fala em Spielberg, do que se lembra? Com certeza de naves espaciais, ETs, grandes aventuras, dramas futuristas, passando por A Lista de Schindler e comédias dramáticas como Terminal. Particularmente não aprecio muito as obras deste respeitável diretor. Se Terminal é fantástico, simples e ao mesmo tempo eficaz, o filme seguinte A Guerra do Mundos, também fantástico mas em outro sentido, não traz nada além do que os já batidos Armagedoon e Impacto Profundo já trouxeram. Mas vamos ao que interessa: Munique.
Tive um certo receio em assistir este filme já que filmes de guerra e de violência (à la Spielberg) costumam ser só barulhentos, chocantes e cheios de clichês. Esse filme tem como ponto de partida os ataques aos judeus nas Olimpíadas de Munique e narra a história de um judeu que, comandado pelos líderes de seu país, sai pelo mundo em busca dos idealizadores do atentado para se vingar. Apesar de inúmeras cenas barulhentas e violentas (algumas poucas desnecessárias) e dos competente abuso de efeitos especiais (tiros, bombas, etc), o longa apresenta uma sensibilidade e uma poesia jamais vista em outro filme deste diretor.
Os conflitos políticos entre árabes e israelenses não foram escolhidos por acaso e, não poderia ser um tema tão presente nos dias de hojel. Se o filme tivesse sido feito dez anos atrás não seria tão atual. Percebe-se claramente uma reflexão sobre a atual situação de árabes x israelenses x palestinos x norte-americanos. E, ao contrário do que muitos dizem, Spielberg não defende nenhum lado. Nem os próprios norte-americanos, por incrível que pareça. Ele mostra a esperança dos judeus que vieram para a América (EUA) em busca da american way of life, da paz e da segurança e de maneira extremamente delicada mostra na última cena do filme o desmoronamento de toda essa esperança.
Outro aspecto notável em Munique é a brilhante atuação de Eric Bana (que já interpretou Hulk). O personagem é muito bem construído e interpretado. Em princípio é o mocinho da história, mas possui conflitos internos, coisa que os mocinhos não costumam ter. O resto do elenco também é muito bom, mas o resultado não teria sido tão satisfatório se os grandes artistas não tivessem sido dirigidos por um grande diretor.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Patrícia,

Em breve quando não puder assistir a um filme, solicitarei a gentileza de que vocë o faça, com a condição de posteriomente comentar o filme em seu Blog.

As análises,opiniões, julgamentos e comentários sobre a construção dos personagens,os efeitos dramáticos e estéticos das cenas, as sutilezas dos detalhes de uma direção apurada, coincidentemente são os pontos que habitualmente observo em um filme.

Gosto do refinamento das observações e comentários que vocë faz. Acho que são o seu forte. Vocë não só sabe escrever bem, com efeito sobre os filmes, mas também aborda com equilibrio conteudo e estética.

Vocë tem um talento em desenvolvimento que garante um diferencial em relação a outras pessoas que escrevem sobre filmes.
Sempre há uma tendência para ficar ou na forma ou no conteúdo. Via de regra vocë tem balanceado bem forma e conteudo. Isso é para mim muito bom porque as considerações não ficam desbalanceadas.

Gostaria apenas, como seu leitor, que vocë fize-se uma pequena sinopse da trama, de tal modo a que como leitor eu possa conhecer a trama e melhor aproveitar seus textos, divertindo-me, curtindo e em alguns casos até discordando do que vocë escreveu.

Como não assisti e ainda não tinha lido nada sobre o filme Munich.
Parece que a história ambientada nas olimpidas de Munich é sobre a rivalidade que se iniciou no tempo do Rei Salomão e se estende até os dias de hoje sem nehuma perspectiva de solução. Parece ser uma História sobre a irracionalidade dos seres racionais. Tudo fica parecendo ser. Na verdade gostaria de saber mais sobre a estória que o filme conta.

Escreva mais, mais, mais.......
Não tem problema se ficar longo. Aliás não existe texto longo ou curto. Existe texto bom, texto mais ou menos e infelizmente texto ruim.

O Seu texto Patrícia é dos bons por isso escreva a vontade que eu vou ler.

Um beijo,

Antonio Manuel

11:07 AM  

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