OLHOS SOBRE TELA

Thursday, December 15, 2005


Depois de um tempão sem postar por falta de tempo e inabilidade computadorística, cá estou eu novamente!
Vou colocar breves observações sobre alguns dos últimos filmes que eu vi, espero que os leitores comentem, critiquem, concordem ou discordem!

-OLIVER TWIST - Bem se vê que foi dirigido por um mestre, Roman Polanski. A Direção de arte e a fotografia são magníficas, assim como a trilha sonora.
A história, escrita por Charles Dickens, é um cruel retrato da Inglaterra do final do séc. XIX, que busca criticar as descaradas desigualdades sociais. O mais interessante é o fato de que o filme, diferentemente de outros filmes que tratam do mesmo tema, não é maniqueísta no sentido de apresentar os ricos como os malvados e falsos e os pobres como bonzinhos e coitadinhos. Neste filme, todos independentemente da classe social têm suas virtudes e suas crueldades; é claro que a ácida e pertinente crítica social está presente, mas não saímos do filme com a sensação de que Oliver Twist era um menino "bom" (odeio esta definição mas não encontrei outra) simplemente por ser um pobre coitado. Fora isso o filme é extremamente bem dirigido, desde o grande ator mirim que interpreta o papel título até a figuração.

-MARCAS DA VIOLÊNCIA - Desprezível. Fiquei surpresa pois a crítica elogiou muito e o tema é atual podendo ter sido bem melhor trabalhado. O longa começa bem, porém ao chegar aos 20 minutos começa a ficar cansativo. Para engrenar de novo demora. O desfecho, bastante tenso, não é surpreendente e no final não parece que o filme acabou. Falta um fio condutor, quando começa, o filme parece um suspense, depois vira uma comédia romântica, passa por "filme de gângster" e termina parecendo um dramalhão. Fraco.

-QUERIDA WENDY - Estava louca para assistir a este filme desde a Mostra. Nesta semana finalmente consegui. Mas sinceramente, ficou aquém das minhas expectativas. A luz estourada à la dogma, pelo menos a mim, incomodou muito. Outro aspecto desnecessário que chega até a tornar o filme cansativo é a narração em off. Ok, o menino está escrevendo uma carta para sua "Querida Wendy". Mas não precisa narrar a carta inteira! Nesse caso, seria mais interessante lermos o filme ao invés de vermos aquilo que estamos ouvindo, diferentemente de Dogville, onde a voz off tem um claro propósito e torna o filme ainda mais interessante por sugerir uma atmosfera de conto de fadas e um lirismo. Outra coisa que ficou a desejar é o ritmo. Não sei exatamente como definir isso, mas senti que o filme tem um andamento estranho. Não sei se é a montagem, talvez. Isso me incomodou um pouco.Agora vamos aos aspectos positivos:O roteiro de "Querida Wendy" realmente é interessante, assim como o atualíssimo tema da banalização das armas. Sim, trata-se de um tema importante o qual deve e tem sido discutido em filmes que vão desde "Notícias de uma guerra Particular"(de Kátia Lund) até os documentários do Michael Moore, passando pelo fantástico "Elefante" de Gus Van Sant e o decepcionante "Marcas da Violencia", comentado acima. Entretanto, creio eu, a abordagem não foi das mais felizes. Considerando que o roteiro é do genial Lars Von Trier, não podemos reduzir a temática do filme apenas à paixão dos americanos pelas armas de fogo. Acredito que o filme quer mostrar além disso a imbecilidade dos norte americanos. E consegue. Ponto para ele.Mas na minha modesta opinião, (vou citar mais uma vez um dos meus filmes preferidos) Dogville é muito mais eficaz na crítica à bestificação dos americanos, e ao mesmo tempo mais sutil. Esta é a minha opinião pessoal... quando assisti Dogville, acreditem, não olhei no relógio nenhuma vez para ver quanto falatava para o filme terminar. Já em "Querida Wendy", quando eu achava que iam acontecer os finalmentes só tinham passado 40 minutos. Mas é um filme que merece ser visto e discutido embora, como eu já disse, fique aquém das espectativas. Talvez se o próprio Von Trier tivesse dirigido o filme seria melhor. Ah, esqueci de um detalhe importante e positivo: o final inesperado é genial.

FLORES PARTIDAS - Confesso que fui com um certo preconceito assistir a esse filme. Pela sinopse, parecia mais uma comediazinha americana sobre solteirões namoradeiros, o que não deixa de ser... Mas ao sair da sala, o saldo é positivo. O ator principal (cujo nome não consigo lembrar) é fantastico. Ele encarna perfeitamente Don (referência a don Juan), o cinquentão que já não está nem aí pra nada e que só quer saber de loirinhas novinhas. As imagens dele na sala vazia com aquela cara de nada são incríveis. Porém aos poucos vamos percebendo sua fragilidade ao longo de sua busca por uma suposta família, culminando num encontro inusitado. Vale a pena assisitir.