Tuesday, February 01, 2011


SOPHIA COPPOLA E SEU FILME HUMANO

Quando assisti "Além da Vida", de Clint Eastwood semana passada, saí do cinema dizendo: "Por que insisto em perder tempo vendo filme americano?". Realmente estou mais do que cansada desses filmes supostamente tocantes, supostamente corretos, melodramáticos ou com um discurso do tipo "apesar dos pesares o Tio Sam tem a solução para a humanidade". Chega, todo mundo sabe que o império está em decadência, que o homem contemporâneo vive na multidão solitária insensível, que o capitalismo está se auto destruindo, que fast food faz mal,que que carros poluem o planeta e que em 2012 o mundo vai acabar... Mas enquanto o mundo não acaba, há muito o que fazer.
Como nada se pode generalizar, apesar do imenso número de filmes americanos que podem ser julgados como Lixo, com L maiúsculo (assim como Lixos brasileiros, europeus, japoneses, argentinos, africanos...), há também quem, de lá de dentro, no caso dos americanos, reflita lucidamente todo este mal-estar e realize obras de arte dignas de reconhecimento e atenção. É o caso de Somewhere, de Sophia Coppola.
Roteiro bom, história interessante, atores excelentes, trilha ótima, boa fotografia. Mas só isso não basta. Nada em Somewhere é genial. Tudo em Somewhere é coerente e na medida certa. No início o espectador estranha o ritmo lento e s longos e repetitivos planos. Mas logo se vê imerso no personagem principal, um astro hollywoodiano, made in USA (como diz sua tatuagem), bonito, rico, bem-sucedido. E só - SÓ isso, e solitário. Solitário até a chegada de sua filha de 11 anos, uma garota esperta, saltitante, com uma vitalidade infantil que contrasta com a morosidade do pai. Ao longo deste curto período de convívio com a filha o protagonista muda pouco. Se quiséssemos analisar a curva dramática do personagem, diríamos que é quase linear. E não poderia ser diferente. Ele é um ser humano. Somewhere é um filme humano. Silencioso, introspectivo. Naturalista. E tudo - interpretação dos atores, trilha sonora, fotografia e edição - agem em uníssono para chegar a esse resultado. Com êxito.

Vale notar uma nítida referência (não sei se proposital) às pinturas de Edward Hopper. As cores, a luz, a atmosfera. Um realismo silencioso e por vezes um pouco sombrio.

O filme não é exatamente uma crítica à sociedade americana nem ao capitalismo, nem pretende dar lição a ninguém. É uma história bem contada de um ser humano com todas as suas complexas questões (e quem não tem complexas questões?).

1 Comments:

Blogger Flávia Fontes Oliveira said...

Patrícia, PAraíso Perdido ficou em cartaz apenas um fim de semana, de 5 a 8 de maio, mas acho que farão outras apresentações.
Um beijo e no programe-se desta semana, no Revista de Dança, saíra uma nota do seu grupo.
beijos

7:23 AM  

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